Zum Inhalt springen

„Resistir é transformar“

„Querem me prender? Eu falarei pela voz de vocês. Eu andarei pela perna de vocês.“ Ex-presidente Lula da Silva no ato em Defesa da Democracia, 15.3.2018 (Foto: Benjamin Beutler)

Colorido, especialmente feminino e jovem e um desafio para as elites do capital: assim foi o público de 80.000 pessoas que seguiram o chamado para o 14º Fórum Social Mundial (FSM) em Salvador da Bahia, no nordeste do Brasil, de 13 a 17 de março deste ano. A maioria dos participantes veio do próprio país anfitrião – que afinal, tem proporções continentais. A participação internacional não foi significativa em números. Os organizadores cadastraram cerca de 6.000 participantes estrangeiros de até 120 países, a maioria deles de países vizinhos do Brasil. Entre os enviados de sindicatos, partidos políticos, ONGs e fundações da Europa e da América do Norte estavam presentes muitos veteranos ativistas do FSM.

A metrópole costeira afro-brasileira provou ser uma boa escolha para um projeto como o Fórum Social Mundial, que parecia já ter deixado para trás o seu apogeu. Fundado em Porto Alegre em 2001 – como contrapartida ao Fórum Econômico Mundial em Davos –, migrou para a África em anos posteriores e recentemente (2016) foi realizado no Canadá, pela primeira vez em um país industrializado do hemisfério do norte, não produzindo contudo muita ressonância.

Retornar ao seu país de nascimento se demonstrou como um passo à frente novamente, em função da necessidade que as forças de esquerda brasileiras tiveram de um certo confronto em ano eleitoral. Eles usaram o FSM como um pódio em sua luta pela democracia e contra a ofensiva neoliberal no país. Em termos de organização o FSM foi apoiado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pelo centra sindical CUT. A decisão de sediar o evento em Salvador também faz sentido porque a reversão no Brasil não é um processo isolado, mas atinge ao final da era progressista toda a região. O curso do maior país da América do Sul afeta o equilíbrio global de poder, o que definitivamente confere ao FSM um caráter político. Seu lema recusou a resignação: „Resistir é criar. Resistir é transformar“.

Feminismo central

O orçamento dos organizadores foi modesto. Mais de 1.200 jovens voluntários tornaram o impossível possível. O principal local foi o espaçoso campus da Universidade Estadual da Bahia. Em centenas de eventos foram discutidas a paz e a democracia, as alternativas econômicas e a legislação trabalhista, a proteção do meio ambiente e a luta contra o racismo e a intolerância. Os temas feministas ocuparam um lugar central.

De acordo com seu estatuto, o Fórum Social Mundial não é uma instituição que toma decisões, mas um „local de encontro aberto“ para debates sobre alternativas que possibilitem um „mundo diferente“. Assim, diferentes visões seculares e espirituais, culturas e tradições se encontraram – e desempenharam um papel não menos importante, as tradições baianas de resistência negra e indígena.

O Fórum também incluiu atividades artísticas, como exposições, concertos e apresentações teatrais. Como abertura do Fórum foi realizada uma grande demonstração com tambores, cantos e músicas e muito poder feminino pela cidade de Salvador. O FSM 2018 pode incentivar a todos aqueles que se opõem à subordinação das sociedades, dos seres humanos e do meio ambiente ao lucro. Sua continuação acontecerá com reuniões temáticas, como migração e economia solidária, em outros lugares, com a vitalidade de Salvador.

Autor: Peter Steiniger. Tradução: Marta Ruth Ribeiro Rocha. Originariamente publicado em Publik, revista da organização sindical Ver.di (Sindicato Unido do Serviços), edição 03/2018, Link