Laços são cortados. O novo Ministro das Relações Exteriores José Serra, nomeado pelo presidente interino do Brasil, Michel Temer, foi pouco diplomático diante de reações internacionais referente a mudança de poder no maior país da América do Sul.
Apenas um dia depois do golpe „frio“ levado a cabo pela oposição e da extrema direita contra a presidente Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores, que foi afastada na última quinta-feira, em base de um processo falacioso de impeachment, Serra divulgou um documento no qual as posições críticas adotadas pelos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, da ALBA bem como do Secretário Geral da União de Estados Sul-Americanos (Unasul) foi „firmemente rejeitada“.
O parceiros continentais estariam „espalhando falsidades“ sobre o processo político interno no Brasil. Este se desenvolvia no quadro do „respeito absoluto pelas instituições democráticas e a constituição“. Serra era até agora senador pelo estado de São Paulo e é um dos grandes nomes do partido de centro-direita PSDB. Ele foi duas vezes candidato do partido nas eleições presidenciais perdeu as duas para Lula da Silva e Dilma Rousseff, estes representantes da esquerda. Agora ele fica – com 22 novos ministros, todos brancos e da classe alta – sem legitimidade democrática no gabinete de um governo de „salvação nacional“. Perdedores das eleições e oportunistas estão dividindo o poder entre eles.
O novo governo de Michel Temer teve recepção bem fria de muitos lados. Venezuela e El Salvador chamaram de volta os embaixadores. Os mais importantes países do BRICS – a China e a Rússia – não reconhecem o novo governo. Mesmo o presidente dos EUA Barack Obama não está exatamente confortável com o novo amigo. Ele não quer pegar o telefone e ligar para saudar o novo colega, “aguarda o desenvolvimento“, como disse um porta-voz.
O governo do Chile expressou preocupação, destacando o grande peso econômico, diplomático e cultural da nação irmã e o estado excelente das relações com o Governo da „amiga Presidente Dilma Rousseff“.
No próprio Brasil os protestos contra os novos dirigentes são presentes nas ruas em todos os lugares. Em várias grandes cidades houveram grandes manifestações com cartazes de „Fora Temer“, essa frase também é a „hashtag“ líder no Twitter que é muito popular no país.

Temer já anunciou „medidas impopulares“ e irá iniciar imediatamente um abrangente programa de privatizações. Enquanto os meios de comunicação (dirigidos por grandes empresas) ocultam os protestos e apresentam o novo governo como “legítimo“, mídias alternativas tomam posição clara contra o golpe de estado. Um das vozes mais importantes e críticas é a do jornalista Paulo Henrique Amorim com o vídeo blogue „Conversa Afiada“„. „É um golpe dos ricos contra os pobres“, disse Amorim. Ele descreveu grupos de mídia como a Rede Globo como uma “própria força política“, „partido da imprensa golpista“. Especialmente por meio de jornais televisivos como o „Jornal Nacional“ a Globo manipulou a opinião pública nas diversas manobras autônomas do poder judiciário, da polícia e do Parlamento“, noite e dia. Essas empresas de comunicação “usam impunemente mentiras e hipocrisia“. Justamente por causa do poder dessa grande mídia, os governos de Lula e Rousseff tiveram receio, nunca ousaram tocar no monopólio deles.
Autores: Christiane Dias, Florianópolis, e Peter Steiniger. Tradução: Lola Von Kreuzkümmel.
Revisão português: Cleusa Slaviero. Fonte: Brigada Herzog via Facebook. Originariamente publicado em: junge Welt, 16.05.2016, Link